Os Prazeres e os Dias

“Se algumas destas páginas foram escritas aos vinte e três anos, muitas outras (Violante, quase todos os Frag­mentos de Comédia Italiana, etc.) datam dos meus vinte anos. Não passam todas elas …
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Categoria: Clássicos, Clássicos para Leitores de Hoje
Tradução: Manuel João Gomes
EAN: 9789897833380
Data de publicação: 20230322
Nº de páginas: 184
Formato: 14,8 x 22,5 x cms
Acabamento: capa mole
Peso: 273 gramas
Descrição completa:

“Se algumas destas páginas foram escritas aos vinte e três anos, muitas outras (Violante, quase todos os Frag­mentos de Comédia Italiana, etc.) datam dos meus vinte anos. Não passam todas elas da vã espuma de uma vida agitada, mas que agora está calma. Oxalá um dia fique tão límpida que as Musas se dignem mirar­‑se nela e se veja à superfície o reflexo dos seus sorrisos e das suas danças. Oferto­‑te este livro. És, infelizmente, de todos os meus amigos, o único cujas críticas não receio. Tenho pelo menos a confiança de que em parte alguma dele te chocarás com a liberdade do tom. Nunca pintei a imoralidade a não ser em criaturas de consciência delicada. Por isso, demasiado frágeis para quererem o bem, demasiado no­bres para gozarem plenamente no mal, conhecendo apenas o sofrimento, tive de falar delas com uma piedade sincera, de modo que não purificasse estes pequenos esboços.”

SOBRE O AUTOR:
Marcel Proust nasceu em Auteuil, a 10 de Julho de 1871, para onde os seus pais se haviam deslocado devido à Comuna de Paris — a residência habitual dos Proust era o n.º 9 do Boulevard Malesherbes. O pai, Adrien, é professor de Medicina, a mãe, Jeanne Weil, herdeira de importante fortuna. Proust estuda no Liceu Condorcet, lê os contemporâneos e tem uma paixão platónica por uma famosa cortesã. Cumpre o serviço militar e conhece Maupassant, Wilde e Barrès quando frequentava já o curso de Direito e Ciências Políticas. Aos 21 anos, participa na formação da revista Le Banquet, onde publica os primeiros textos literários. Até aos 37 anos, teve uma intensa vida intelectual e mundana. Escreveu Les Plaisirs et Les Jours, alguns pastiches de autores que admirava, crónicas sociais e críticas, e deixou inacabado o romance Jean Santeuil, em cujo final surge já a preocupação com o tempo.
O desaparecimento da mãe em 1905 não fez Proust sair de uma certa indefinição literária, embora o tenha começado a afastar do mundo — a partir de Setembro desse ano entra numa clínica, e depois num hotel de Versalhes, de onde sai para se enclausurar num quarto do Boulevard Haussmann, entre fumigações e narcóticos. Em 1908, começa a escrever Contre Sainte-Beuve, uma obra hesitando entre o ensaio e o romance, amálgama de fragmentos de estética literária, cenas, diálogos e personagens, alguns deles retomados mais tarde. No entanto, alguma coisa do que faria a originalidade de Em Busca do Tempo Perdido surge já na importância atribuída à recordação involuntária suscitada pelo pão mergulhado no chá, ou por um pátio irregular, arrancando ao esquecimento “essa pura substância de nós que é uma impressão passada”. Mas entre a recusa do manuscrito de Contre Sainte-Beuve, em meados de 1909, e a publicação de Do Lado de Swann, quatro anos mais tarde, algo de fundamental se passa. Em finais de 1909, Proust retira-se da vida social, a sua caligrafia transforma-se, enovelando- -se em correcções sucessivas, os cadernos acumulam-se, e ele próprio sente que está a criar um grande romance que vai disputar à morte, que chegaria em Novembro de 1922.

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